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Uma das mensagens que melhor passou internacionalmente nos últimos anos é a da qualificação dos nossos técnicos. Temos dos melhores programadores do mundo, com atitude profissional e gosto por ambientes desafiantes e multi-culturais. A presença do Web Summit, o numero crescente de Centros de Competência tecnológicos e até Resoluções do Conselho de Ministros como a Incode2030 são sinais deste reconhecimento e destacam esta oportunidade de crescimento através de emprego qualificado. É uma aposta ganha, por agora.
A manutenção deste modelo de desenvolvimento não é um segredo e alcança-se da mesma forma que todos os outros: promovendo o aumento sustentado da procura e a manutenção de oferta de qualidade. Ora as evidências apontam que o mercado da Realidade Virtual/Aumentada pode ser estratégico neste objetivo.
No passado Fevereiro, foi lançada a primeira versão do Ecossistema de Realidade Virtual e Aumentada em Portugal, criada pela VRARA (Virtual Reality and Augmented Reality Organization). A principal revelação foi a existência de mais de 39 PME’s a trabalharem Realidade Aumentada e Virtual em Portugal, um numero excecional dado o tamanho do nosso mercado e o potencial de exportação nearshore destes serviços. Esse número, acompanhado de mais de 20 Universidades, Centros de Investigação, Centros de Formação e comunidades espontâneas a discutir estes temas denotam muito interesse social, vontade e experiência de criar competências.
O impacto real deste setor é grande, porque cada projeto (especialmente em Realidade Aumentada) implica competências multidisciplinares – 3D, vídeo, programação mobile, desenvolvimento web, UI/UX, integração, Hosting, Business Intelligence - o que faz com que estes projetos não exijam apenas profissionais, mas sim equipas habituadas a este nível de complexidade. É a oportunidade para aumentarmos o volume do nosso emprego qualificado com equipas em nearshore para a União Europeia ou com centros de competência especializados num cluster prestes a explodir.
Este fôlego só se manterá enquanto a oferta de técnicos especializados acompanhar a procura. Muitos dos licenciados que estão à saída das universidades são já aliciados com contratos e benefícios crescentes – a consequência do aumento da procura. E este aumento, se tudo correr bem, não vai parar. Então, qual a solução quando as universidades, politécnicos e centros de qualificação não conseguem acompanhar a procura? Eu diria o mercado brasileiro.
Repleto de bons profissionais com afinidade cultural e interesse socioeconómico no nosso país, o Brasil pode ser a fonte de talento que Portugal precisa para continuar a dar resposta à procura constante destas competências. E de alguma forma, começamos a ver mais profissionais brasileiros no nosso mercado.
Contudo, quantidade não corresponde necessariamente a qualidade e o recrutamento destas competências ocorre em Portugal aos técnicos brasileiros que realizar uma viagem para se aventurarem neste mercado. Ora, muito embora esta vontade inicial de trabalhar no nosso mercado possa ser confundida com um critério de seleção só por si, a verdade é que a maior parte do talento brasileiro interessante e interessado ainda se encontra no Brasil. Logo, no Brasil que importa captar talento e faz sentido investimentos em competições e parcerias de recrutamento locais, junto de entidades que promovam a contratação direta de profissionais. Este é um tema que pode ser naturalmente apoiado por fundos estruturais, pois contribui diretamente para o desenvolvimento socioeconómico do País.
A Realidade Virtual e a Realidade Aumentada, onde já temos estas competências transformadoras da sociedade e um ecossistema gerado autonomamente, é a área onde poderemos mais rapidamente obter frutos duma aposta num cluster único na Europa.
E no final, a sustentabilidade alcança-se com o nosso mercado de trabalho como um fator de investimento no nosso país e não o contrário.